Bispo de Formosa e cinco padres viram réus em ação por desvio de dízimo; juiz decide manter grupo preso


O juiz Fernando Oliveira Samuel acolheu a denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e decidiu manter presos o bispo Dom José Ronaldo e outros cinco padres. Eles são acusados de desvio superior a R$ 2 milhões de dízimos e doações. Os dois empresários apontados como laranjas do esquema também são alvos da decisão. O prazo para prisão do grupo era temporário (válido por cinco dias) e venceria nesta sexta.
O grupo está no presídio de Formosa desde segunda-feira (19), após o Ministério Público deflagrar a Operação Caifás e apontar que os detidos teriam comprado uma fazenda e uma casa lotérica com os recursos.
De acordo com a Nunciatura Apostólica (que atua como embaixada da Santa Sé), o Papa Francisco havia determinado que as contas da Diocese de Formosa fossem investigadas no início do mês, antes mesmo das prisões. O arcebispo de Uberaba (MG), Dom Paulo Mendes Peixoto, foi nomeado administrador apostólico, espécie de “interventor”.
Investigações
As investigações começaram no ano passado, após denúncias de fiéis. Eles afirmaram que as despesas da casa episcopal subiram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde a chegada do bispo Dom José Ronaldo. Na ocasião, o clérigo negou haver irregularidades nas contas da Diocese de Formosa.
Segundo a investigação, o grupo se apropriava de dinheiro oriundo de dízimos, doações, arrecadações de festas realizadas por fiéis e taxas de eventos como batismos e casamentos. O bispo Dom José Ronaldo sempre negou as acusações.

‘Mesada’ por paróquias mais rentáveis

A investigação aponta ainda que padres de Formosa, Posse e Planaltina pagavam ao bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, para que fossem mantidos em paróquias mais lucrativas. O valor mensal da “mesada” variava entre R$ 7 mil e R$ 10 mil.
Dinheiro escondido em guarda-roupa
Foram apreendidos cordões de ouro, relógios e caminhonetes da cúria em nomes de terceiros, além de uma grande quantia de dinheiro em espécie, com valor ainda não foi divulgado. Havia moedas estrangeiras, incluindo dólares americanos, dólares australianos, pesos argentinos, pesos chilenos e euros.
Na casa do vigário-geral, segundo na linha de sucesso da Diocese, foi apreendida grande quantidade de dinheiro no fundo falso de um guarda-roupa. Segundo a TV Anhanguera apurou, o montante contabilizou R$ 70 mil. A quantia estava em sacos plásticos.

Prisões

O MP-GO fez à Justiça pedido de 13 mandados de prisão temporária e 10 de busca e apreensão em residências, igrejas e um mosteiro. O juiz Fernando Oliveira Samuel concluiu, no primeiro momento, haver necessidade de prisão em nove casos:
  • José Ronaldo Ribeiro, bispo de Formosa
  • Monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral da Diocese de Formosa
  • Padre Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora Imaculada Conceição, Formosa
  • Padre Mário Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, Formosa
  • Padre Thiago Wenceslau, juiz eclesiástico
  • Padre Waldoson José de Melo, pároco da Paróquia Sagrada Família, Posse (GO)
  • Guilherme Frederico Magalhães, secretário da Cúria de Formosa
  • Antônio Rubens Ferreira, empresário suspeito de ser laranja da quadrilha
  • Pedro Henrique Costa Augusto, empresário, suspeito de ser laranja da quadrilha
O nome da operação foi escolhido considerando que Caifás era o sumo sacerdote quando Jesus foi condenado a morrer na cruz, explicou o MP-GO.
Fonte: G1

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